O meu avô nasceu numa aldeia da Beira Baixa, chamada Rosmaninhal. Na idade de ir para a escola, foi viver para outra aldeia, chamada Caria. Aqui viveu até aos 9 anos, altura em que deixou de estudar, voltando novamente para o Rosmaninhal, onde ajudava o pai na profissão de marceneiro.Nos anos cinquenta, a alimentação nas aldeias baseava-se em feijão, grão, batata, hortaliça e pão, que eram produzidos pelos próprios habitantes. O trigo utilizado para o fabrico do pão servia também para pagamento de serviços, uma vez que se tratava de um bem escasso e essencial.A carne era de porco que criavam durante o ano e que matavam pela altura do Natal. Faziam os enchidos: chouriços, morcelas, paios. As galinhas criadas pelos próprios eram outras das carnes mais consumidas. Das galinhas também obtinham os ovos.Quanto a divertimentos eram poucos. Segundo conta o meu avô, quando ainda menino, andava de triciclo, jogava à bola, lia alguns livros e por vezes acompanhava o pai à caça.
O meu avô a andar de triciclo
Já mais crescido, os divertimentos mais apreciados eram os bailaricos, as romarias por altura das festas e, de vez enquanto, um filme daqueles cinemas ambulantes que iam de aldeia em aldeia. O meu avô sempre esteve ligado à música. Formou um grupo com outros amigos e tocavam nos bailes e casamentos. Na noite do casamento, era habitual cantarem os parabéns à porta dos noivos.
O meu avô com a família na romaria de Santa Madalena
O vestuário utilizado durante a semana era composto por roupas mais velhas usadas no trabalho, que era essencialmente agrícola. Aos domingos, então já se viam algumas pessoas com roupas melhores e mais novas, para irem à missa e aos bailaricos.
O meu avô com o seu fato domingueiro
Nesta época a maior parte da população vivia da agricultura. O meu avô ajudava o pai em trabalhos de marcenaria. Entretanto, conheceu a minha avó, casaram e vieram viver para Castelo Branco, onde o meu avô trabalhou no comércio, ramo de sapataria, até à reforma. Tiveram dois filhos, um rapaz e uma rapariga, que é a minha mãe.
Casamento dos meus avós
Os meus avós e os filhos
Inês Girão
segunda-feira, 8 de junho de 2009
O meu pai na dua infânica
O meu pai nasceu, em 2º de Maio de 1962, na aldeia Rochas de Baixo, freguesia de Almaceda, concelho e distrito de Castelo Branco.A vida dele sempre foi muito difícil desde pequeno, tinha de ajudar os pais a trabalhar no campo, de ir para o mato com um grande rebanho, de cerca de 100 cabras. Às vezes, quando tinha fome, ordenhava uma cabra e bebia o leite com pão.Na escola primária, tinha de faltar alguns dias, porque tinha de ir ajudar os pais a trabalhar e também não tinha quase tempo nenhum para estudar.Com cerca de 9 anos, começou a ir ver televisão para uma tasca da aldeia, aos domingos à tarde e à noite. Como não havia energia eléctrica na aldeia, a televisão trabalhava com energia de um gerador e não podia estar todos os dias ligada. Nessa tasca, que era a única que tinha televisão, o meu pai costumava ver o Popey, a Pantera Cor-de-Rosa, notícias, séries de cowboys e outras séries.Na escola, ele tinha aulas numa sala com cerca de 40 alunos ou mais, onde o professor dava do 1º ou 4ºano. A sala de aula tinha fotografias do Salazar, do Ministro da Educação, do Presidente da República e ainda um crucifixo.O meu pai usava roupa às vezes com remendos, botas fortes feitas nos sapateiros da aldeia, com sebo para não molhar os pés quando ia para o mato.Quando andava a apanhar a azeitona, passava dias a apanhar as que caíam ao chão. Nas sementeiras, andava à frente de uma junta de bois, a lavrar os terrenos para semear trigo, centeio, milho e batatas. Tinha de ir apanhar mato para pôr nos currais dos animais e depois tiravam o estrume para as terras.O pequeno-almoço era couves, nabos, sopa, pão cozido que a minha avó cozia no forno da casa, onde cozia cerca de 20 pães. Ao almoço, às vezes fritavam as batatas no azeite puro, comiam ovos das galinhas que os meus avós criavam, bebiam leite das cabras e comiam marmelada, mel e azeitonas.Normalmente, deslocava-se no carro dos bois ou a pé. Raramente apareciam carros na aldeia e, quando aparecia um carro, todos os garotos iam a correr para ver.Uma vez, quando apareceu um camião de areia, os garotos foram todos agarrados ao camião, para andarem um bocadinho na viatura, já que era uma coisa rara.Com 15 anos, começou a andar na resina: desencarrascar, picar, renovar e, no fim do ano, raspava os pinheiros com os adultos. Já tinha horário de trabalho com 8 horas por dia e, no Verão, no fim de cumprir o horário de trabalho, ainda ia regar o milho.
Ana Patrícia
Ana Patrícia
A vida na aldeia de Joaquim Gonçalves
Esta história é contada pelo meu avô Joaquim Gonçalves, ele conta-nos como vivia na sua altura na aldeia. A sua data de nascimento é 25-04-1937 e nasceu na Raposeira freguesia do Estreito concelho de Oleiros distrito de Castelo Branco, neste momento tem 72 anos de idade. -“Frequentei a escola até ao 4º ano, quando saia da escola ia trabalhar para o campo, a tratar do gado, ia buscar lenha e mato, aprendi a arte de sapateiro com o mau pai e ajudava a minha mãe a cuidar dos meus irmãos mais novos, a roupa que tinha era umas calças de serapilheira, uma camisa de sara beco e pouco mais e a minha alimentação era variada mas era raro comprar alguma coisa o que comíamos era tudo cultivado pelo que produzíamos no campo”.
José Joaquim
José Joaquim
A vida na aldeia de Conceição do Rosário
Esta história é contada pela minha avó Conceição do Rosário. Ela conta como viveu a sua infância na aldeia, a sua data de nascimento é 14-04-1937 e nasceu no Vidigal freguesia do Estreito concelho de Oleiros distrito de Castelo Branco a sua idade actual é 72 anos. -“Eu na altura só usava saias e vestidos até aos meus 30 anos, as mulheres eram mal vistas se usassem calças. Não frequentei a escola porque tive que ajudar os meus pais no trabalho do campo, a tratar do gado, as vezes ia a lenha com o meu pai e ajudava a minha mãe com os meus irmãos mais novos. Quando tinha 19 anos fui trabalhar para a cidade para casa de uma família rica.”
José Joaquim
José Joaquim
A vida na aldeia de Arminda Joaquim
Esta história é contada pela minha mãe com o nome de Arminda Joaquim, ela conta como vivia com os seus pais na aldeia, a sua data de nascimento é 25-11-1967 e o seu local de nascimento foi na Raposeira freguesia do Estreito concelho de Oleiros distrito de Castelo Branco, actualmente tem 41 anos de idade. -“Andei na escola até á 4º classe (1976), depois mudei-me para Castelo Branco onde conclui o 9º ano e já não sai d cidade. Ao fim da escola ia tratar dos animais da quinta e da casa e as vezes ajudava o meu pai a ir á resina e madeira. Nesta altura a roupa já era quase igual a de agora a diferença é que antes usava-se mais o cabelo comprido”.
José Joaquim
José Joaquim
Alimentaçao nos anos 60
A minha avó contou-me que, nos anos 60, a alimentaçao era muito rudimentar e pobre. As pessoas viviam practicamente do que cultivavam e do que criavam.Tinham uma policultura, pois cultivavam uma diversidade de alimentos. Cultivavam cenouras, batatas, couve, tomate. Também faziam o seu próprio pão e eram eles próprios que cultivavam esses cereais para fazerem o pão.Em questão de gado, eram eles que criavam galinhas, porcos, cabritos, ovelhas e cabras. Comiam quase sempre carne de porco, guardada na salgadeira, para se conservar boa, pois naquela altura não existiam arcas frigorificas.Depois também existiam animais que só eram comidos quando era festa. Um exemplo disso era o cabrito, que costumava ser comido na Páscoa. As cabras era ordenhadas para fazer os queijos.Todo o tipo de carne era guardado na salgadeira, para conservar boa, pois naquela altura não existiam arcas frigorificas.
A minha avó Ermelinda Pereira.
Manuel Anacleto
A minha avó Ermelinda Pereira.
Manuel Anacleto
A vida no vale da Saraça
A vida na aldeia era muito dolorosa, as pessoas trabalhavam de sol a sol, tanto adultos como crianças.A alimentação era feita consoante o que as pessoas cultivavam e os animais que criavam. O vestuário das crianças era feito pelas suas mães e essas roupinhas iam passando de irmãos para irmãos.“Tempos livres?! Para quem os tinha!” diz a minha avó. As crianças brincavam à macaca, saltavam à corda e jogavam às apanhadas. Os adolescentes, nos tempos livres, iam para bailes nas casas das pessoas. As mulheres sentavam-se a fazer renda, ou então a falarem da vida dos outros. Os homens juntavam-se e iam para a única tasca que havia naquela altura, o “Café do Zé”.Não havia médico a tempo inteiro. De vez em quando, um médico ia de porta em porta a dar medicamentos e a arrancar dentes a quem precisava.Havia um carteiro que ia montado numa lambreta (mota velha, que naquela altura valia muito), e que parava num largo e tocava uma corneta, para que as pessoas fossem buscar as suas cartas ou mandar alguma correspondência.Naquele tempo não havia qualquer tipo de transporte público. Eram as carroças de burros que serviam de transporte.Agora, já há de tudo!
Casa da aldeia, em ruínas.
Mariana Pirona
Casa da aldeia, em ruínas.
Mariana Pirona
A vida nas aldeias
· Alimentação
Em 1950-70, a alimentação era muito diferente da actual, consumindo-se apenas o que era produzido na sua pequena horta, como por exemplo: couves, grão, batatas, alho... Também era usada a troca de produtos entre os habitantes da aldeia, sempre que necessário. O peixe era fornecido uma vez por semana. A revendedora passava por todas as ruas da aldeia, fazendo sempre o seu pregão.
· Tempos livres
As brincadeiras eram na rua, por exemplo jogando ao pião, ao berlinde, às escondidas, à sovela, ao mocho, entre muitas outras. As noites eram passadas em família e amigos, jogando às cartas e contando contos. As senhoras aproveitavam para dar pontos na roupa, enquanto as raparigas bordavam o enxoval.´
· Educação
O ensino era exercido por professores residentes na aldeia. No recreio, os rapazes e as raparigas brincavam separadamente.Um dos castigos era ser obrigado a ir à missa no Domingo ou levar com a régua na mão.
· Moda
A moda era feita pelas altas costureiras e alfaiates da aldeia. As mulheres usavam vestidos abaixo dos joelhos, sem cava, nem decotes, sempre com meias e sem usar calças de ganga. Os homens usavam camisa e, quase sempre, colete, com boina ou chapéu, com o seu inconfundível relógio de bolso.
· Transportes
O transporte era feito através de burros, a pé ou com carroças. Existia uma transportadora, formada por um casal e que tinha como função transportar as encomendas e pessoas, através de dois cavalos e uma carroça.
· Comunicação social
Era feita através da rádio ou de jornais, sempre que alguém vinha à cidade. Mais tarde, já havia algumas televisões nas tabernas.
Dimauro Matias
Em 1950-70, a alimentação era muito diferente da actual, consumindo-se apenas o que era produzido na sua pequena horta, como por exemplo: couves, grão, batatas, alho... Também era usada a troca de produtos entre os habitantes da aldeia, sempre que necessário. O peixe era fornecido uma vez por semana. A revendedora passava por todas as ruas da aldeia, fazendo sempre o seu pregão.
· Tempos livres
As brincadeiras eram na rua, por exemplo jogando ao pião, ao berlinde, às escondidas, à sovela, ao mocho, entre muitas outras. As noites eram passadas em família e amigos, jogando às cartas e contando contos. As senhoras aproveitavam para dar pontos na roupa, enquanto as raparigas bordavam o enxoval.´
· Educação
O ensino era exercido por professores residentes na aldeia. No recreio, os rapazes e as raparigas brincavam separadamente.Um dos castigos era ser obrigado a ir à missa no Domingo ou levar com a régua na mão.
· Moda
A moda era feita pelas altas costureiras e alfaiates da aldeia. As mulheres usavam vestidos abaixo dos joelhos, sem cava, nem decotes, sempre com meias e sem usar calças de ganga. Os homens usavam camisa e, quase sempre, colete, com boina ou chapéu, com o seu inconfundível relógio de bolso.
· Transportes
O transporte era feito através de burros, a pé ou com carroças. Existia uma transportadora, formada por um casal e que tinha como função transportar as encomendas e pessoas, através de dois cavalos e uma carroça.
· Comunicação social
Era feita através da rádio ou de jornais, sempre que alguém vinha à cidade. Mais tarde, já havia algumas televisões nas tabernas.
Dimauro Matias
A vida na aldeia da minha avó Lucinda
A minha avó Lucinda nasceu numa aldeia chamada vale da Saraça, que pertence á freguesia de Santo André das Tojeiras. Quando se casou mudou para uma casa que ficava numa aldeia próxima, Gaviãozinho.
Figura 1- a minha avó Lucinda
A minha avó conta que a vida era extremamente dura, em vez de estar na escola a aprender, a minha avó andava com os pais e muitas vezes sozinha pelos campos a trabalhar. Em criança trabalhava de sol a sol.Não tinha água potável, para terem água para consumir tinha de ir buscar á fonte que ficava a 1km de distância. Não havia luz, tinham candeeiros a petróleo, e candeias de azeite era como se iluminavam. A minha avó acordava às 6h da manha, e o que faziam quando saiam de casa era procurar trabalho pelas aldeias, como por exemplo; acartar pedras numa canastra á cabeça para fazer paredes; semear trigo, centeio, milho…; guardar gado, para conseguirem ganhar “o pão de cada dia”. Depois de o dia inteiro de trabalho, se não fica-se em casa dos patrões, vinha para casa a pé, já de escuro, muitas vezes ficava muito longe.
Figura 2-lanche pelo campo
Quando chegávamos a casa é que jantávamos, couves com batatas (por exemplo), não se comiam ovos, nem galinhas porque vendiam para conseguirem ganhar algum dinheiro.Com este dinheiro compravam roupa, sapatos.
A minha avó descreveu alguns dias de trabalho:“Abalava de manha com as cabras por aqueles campos todo dia, descalça, com muitas feridas nos pés, e a chover. Nem que chovesse eu não podia vir-me embora. Já sol-posto regressava a casa cheia de fome, porque os meus pais não tinham comida que eu pudesse levar para a merenda. Quando me deitava tiravam-me a roupa toda por causa dos piolhos.”“Com 15 anos comecei a namorar, e ia a pé para as charnecas do Tejo a apanhar azeitona, levávamos a nossa merenda para 15 dias de trabalho, depois desses 15 dias regressávamos a casa para vir buscar mantimentos para mais 15 dias e voltávamos as charnecas.”
Figura 4- a minha avó, o meu avô, o meu pai e o meu padrinho.
Tânia Bento
Figura 1- a minha avó Lucinda
A minha avó conta que a vida era extremamente dura, em vez de estar na escola a aprender, a minha avó andava com os pais e muitas vezes sozinha pelos campos a trabalhar. Em criança trabalhava de sol a sol.Não tinha água potável, para terem água para consumir tinha de ir buscar á fonte que ficava a 1km de distância. Não havia luz, tinham candeeiros a petróleo, e candeias de azeite era como se iluminavam. A minha avó acordava às 6h da manha, e o que faziam quando saiam de casa era procurar trabalho pelas aldeias, como por exemplo; acartar pedras numa canastra á cabeça para fazer paredes; semear trigo, centeio, milho…; guardar gado, para conseguirem ganhar “o pão de cada dia”. Depois de o dia inteiro de trabalho, se não fica-se em casa dos patrões, vinha para casa a pé, já de escuro, muitas vezes ficava muito longe.
Figura 2-lanche pelo campo
Quando chegávamos a casa é que jantávamos, couves com batatas (por exemplo), não se comiam ovos, nem galinhas porque vendiam para conseguirem ganhar algum dinheiro.Com este dinheiro compravam roupa, sapatos.
A minha avó descreveu alguns dias de trabalho:“Abalava de manha com as cabras por aqueles campos todo dia, descalça, com muitas feridas nos pés, e a chover. Nem que chovesse eu não podia vir-me embora. Já sol-posto regressava a casa cheia de fome, porque os meus pais não tinham comida que eu pudesse levar para a merenda. Quando me deitava tiravam-me a roupa toda por causa dos piolhos.”“Com 15 anos comecei a namorar, e ia a pé para as charnecas do Tejo a apanhar azeitona, levávamos a nossa merenda para 15 dias de trabalho, depois desses 15 dias regressávamos a casa para vir buscar mantimentos para mais 15 dias e voltávamos as charnecas.”
Figura 4- a minha avó, o meu avô, o meu pai e o meu padrinho.
Tânia Bento
A aldeia onde a minha avó nasceu chama-se Aldeia de João Pires.A casa da minha avó era feita de pedra por fora, por dentro a sala e os quartos estavam forradas em madeira. A cozinha tinha paredes de pedra e por cima o telhado era só a telha, para, quando acendiam o lume, o fumo sair pelos buracos da telha. Não tinha casa de banho.A minha avó, como tinha 3 irmãs, algumas tinham de dormir na mesma cama ou então dormiam no chão, em cima de mantos.A roupa que a minha avó usava era simples e tinha que ter cuidado, para que durasse muito tempo, porque não tinham muito dinheiro.O ensino não era obrigatório e então a minha avó não foi à escola, ia ajudar os pais no campo.Quando já era mais velha, a minha avó foi trabalhar para a casa de umas professoras ricas e o que sabe hoje de letras e números foram elas que a ensinaram.
Vanessa Borronha
Vanessa Borronha
Vou relatar algumas experiências de vida do meu pai, na sua juventude, nos anos 70.Meu pai Manuel vivia no Alvaiade. Era e continua a ser uma pequena aldeia perto de Castelo Branco, com muito poucos habitantes.No Alvaiade, os meus avós paternos tinham três hortas, o que lhes permitia terem uma alimentação saudável. Além das hortas, tinham também muito gado: cabras, galinhas, coelhos, porcos, entre outros.Passados alguns anos, o meu pai foi para a tropa. Naquele tempo era obrigatório ir à tropa, mas já não havia guerra. Afirma ter lá passado por grandes custos, diz que sofriam bastante, que eram submetidos a grandes sacrifícios.
O meu pai aos 17 anos, com o seu primo.
Na tropa, a caminhar.
Na tropa, a engraxar as botas.
Natacha Gomes
O meu pai aos 17 anos, com o seu primo.
Na tropa, a caminhar.
Na tropa, a engraxar as botas.
Natacha Gomes
A vida da minha mãe na aldeia
A minha mãe viveu nas Termas de Monfortinho. Todos pareciam uma família, pois a povoação era pequena e todos se davam bem uns com os outros. A minha mãe morava com a sua avó que, neste caso, é a minha bisavó.A sua alimentação era bastante boa, relativamente às outras pessoas, pois os meus avós estavam na Alemanha e então mandavam muita comida para cá: gomas, chocolates, mas do que se recorda mais é dos iogurtes, porque era um alimento que em Portugal ainda não havia, por volta de 1968.Durante os tempos livres, faziam várias actividades, como por exemplo jogar à malha, jogar à bola, andavam de bicicleta, faziam desfiles de moda com fatos de jornal, etc.Naquele tempo, era muito rara a pessoa que tinha televisão. Conta a minha mãe que na ladeia só havia uma pessoa que tinha. Então, de vez em quando, metia a televisão na janela a dar para a rua e toda a vizinhança se sentava a assistir.A roupa era basicamente da Alemanha, pois os meus avós mandavam não só comida, mas roupa também. Então andava quase sempre “no último grito da moda”.
Natacha Gomes
Natacha Gomes
A saúde nas Rochas de Baixo
O meu pai lembra-se de ser muito raro ir uma ambulância à aldeia dele, só mesmo quando era muito grave.Quando as pessoas estavam doentes, ficavam em casa. Era muito raro virem ao hospital, só quando estavam mesmo muito doentes é que apanhavam o autocarro ou um amigo que tivesse carro levava o doente.Quando as pessoas tinham constipações, não havia comprimidos, faziam chás e outras “mansinhas”.Quando tinham febre, colocavam toalhas molhadas na cabeça, porque não havia medicamentos.Às vezes, tinham de ir trabalhar mesmo doentes, para não perderem o trabalho.
Ana Gonçalves
Ana Gonçalves
A educação da minha mãe
A minha mãe contou-me que a educação, na altura dela, era dada pela sua mãe e pelo seu pai.A educação era muito rígida e por vezes era castigada e levava alguns estalos. Um dos castigos que lhe era aplicado muitas vezes era ser presa com uma corda à cintura e estar presa à cama, para não fugir para a rua.A educação, em questões escolares, também era rígida. Eram obrigados a cantar A Portuguesa e rezar o Pai Nosso e o Avé Maria, assim que entravam na sala de aula. Os materiais utilizados, naquele tempo, para escrever, era um caneto e uma pedra, feitos do mesmo material do quadro.Até ao 2.º ano, usava o caneto e a pedra, para escrever. No 3.º ano, usava um caderno para todas as disciplinas e uma caneta de aparo. Era tudo dado pelo Estado. A caneta de aparo era uma caneta de madeira com um bico, que servia para molhar na tinta e escrever.Quando saía da escola, à tarde, ia ajudar a minha avó, nas limpezas das casas das patroas dela.A minha mãe, em 1967.
Manuel Anacleto
Manuel Anacleto
A apanha da azeitona
O meu pai começou a apanhar a azeitona desde pequeno, com os meus avós e para outras família que precisassem de ajuda. Nos princípios de Novembro, começava a apanhar a azeitona que ia caindo para o chão e depois, em meados de Dezembro, começava a colher a que estava ainda na rama. Subia numas escadas encostadas às oliveiras, passava as mãos pela rama e as azeitonas despegavam-se e caíam em cima de uns panos grandes, que se colocavam por baixo e em volta do tronco das oliveiras.Quando já estava apanhada juntava as pontas dos panos e as azeitonas juntavam-se no centro dos panos e eram atiradas para um monte, onde retirava os ramos das folhas maiores e se erguia a azeitona para tirar as folhas soltas e para a azeitona ficar limpa.Isto tudo demorava 2 meses e meio, mais ou menos, dependendo do tempo e da quantidade de azeitonas para colher.Enquanto se apanhava, já se ia moendo a azeitona nos lagares de varas, que trabalhavam de noite e de dia.
Ana Gonçalves
Ana Gonçalves
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