O meu pai nasceu, em 2º de Maio de 1962, na aldeia Rochas de Baixo, freguesia de Almaceda, concelho e distrito de Castelo Branco.A vida dele sempre foi muito difícil desde pequeno, tinha de ajudar os pais a trabalhar no campo, de ir para o mato com um grande rebanho, de cerca de 100 cabras. Às vezes, quando tinha fome, ordenhava uma cabra e bebia o leite com pão.Na escola primária, tinha de faltar alguns dias, porque tinha de ir ajudar os pais a trabalhar e também não tinha quase tempo nenhum para estudar.Com cerca de 9 anos, começou a ir ver televisão para uma tasca da aldeia, aos domingos à tarde e à noite. Como não havia energia eléctrica na aldeia, a televisão trabalhava com energia de um gerador e não podia estar todos os dias ligada. Nessa tasca, que era a única que tinha televisão, o meu pai costumava ver o Popey, a Pantera Cor-de-Rosa, notícias, séries de cowboys e outras séries.Na escola, ele tinha aulas numa sala com cerca de 40 alunos ou mais, onde o professor dava do 1º ou 4ºano. A sala de aula tinha fotografias do Salazar, do Ministro da Educação, do Presidente da República e ainda um crucifixo.O meu pai usava roupa às vezes com remendos, botas fortes feitas nos sapateiros da aldeia, com sebo para não molhar os pés quando ia para o mato.Quando andava a apanhar a azeitona, passava dias a apanhar as que caíam ao chão. Nas sementeiras, andava à frente de uma junta de bois, a lavrar os terrenos para semear trigo, centeio, milho e batatas. Tinha de ir apanhar mato para pôr nos currais dos animais e depois tiravam o estrume para as terras.O pequeno-almoço era couves, nabos, sopa, pão cozido que a minha avó cozia no forno da casa, onde cozia cerca de 20 pães. Ao almoço, às vezes fritavam as batatas no azeite puro, comiam ovos das galinhas que os meus avós criavam, bebiam leite das cabras e comiam marmelada, mel e azeitonas.Normalmente, deslocava-se no carro dos bois ou a pé. Raramente apareciam carros na aldeia e, quando aparecia um carro, todos os garotos iam a correr para ver.Uma vez, quando apareceu um camião de areia, os garotos foram todos agarrados ao camião, para andarem um bocadinho na viatura, já que era uma coisa rara.Com 15 anos, começou a andar na resina: desencarrascar, picar, renovar e, no fim do ano, raspava os pinheiros com os adultos. Já tinha horário de trabalho com 8 horas por dia e, no Verão, no fim de cumprir o horário de trabalho, ainda ia regar o milho.
Ana Patrícia
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