A minha avó Lucinda nasceu numa aldeia chamada vale da Saraça, que pertence á freguesia de Santo André das Tojeiras. Quando se casou mudou para uma casa que ficava numa aldeia próxima, Gaviãozinho.
Figura 1- a minha avó Lucinda
A minha avó conta que a vida era extremamente dura, em vez de estar na escola a aprender, a minha avó andava com os pais e muitas vezes sozinha pelos campos a trabalhar. Em criança trabalhava de sol a sol.Não tinha água potável, para terem água para consumir tinha de ir buscar á fonte que ficava a 1km de distância. Não havia luz, tinham candeeiros a petróleo, e candeias de azeite era como se iluminavam. A minha avó acordava às 6h da manha, e o que faziam quando saiam de casa era procurar trabalho pelas aldeias, como por exemplo; acartar pedras numa canastra á cabeça para fazer paredes; semear trigo, centeio, milho…; guardar gado, para conseguirem ganhar “o pão de cada dia”. Depois de o dia inteiro de trabalho, se não fica-se em casa dos patrões, vinha para casa a pé, já de escuro, muitas vezes ficava muito longe.
Figura 2-lanche pelo campo
Quando chegávamos a casa é que jantávamos, couves com batatas (por exemplo), não se comiam ovos, nem galinhas porque vendiam para conseguirem ganhar algum dinheiro.Com este dinheiro compravam roupa, sapatos.
A minha avó descreveu alguns dias de trabalho:“Abalava de manha com as cabras por aqueles campos todo dia, descalça, com muitas feridas nos pés, e a chover. Nem que chovesse eu não podia vir-me embora. Já sol-posto regressava a casa cheia de fome, porque os meus pais não tinham comida que eu pudesse levar para a merenda. Quando me deitava tiravam-me a roupa toda por causa dos piolhos.”“Com 15 anos comecei a namorar, e ia a pé para as charnecas do Tejo a apanhar azeitona, levávamos a nossa merenda para 15 dias de trabalho, depois desses 15 dias regressávamos a casa para vir buscar mantimentos para mais 15 dias e voltávamos as charnecas.”
Figura 4- a minha avó, o meu avô, o meu pai e o meu padrinho.
Tânia Bento
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